Algumas notas "Aldeias vinhateiras todo o ano"

Hoje, enquanto folheava o JN, não pude passar indiferente a um artigo de opinião do escritor Jorge Laiginhas, com o título "Aldeias vinhateiras todo o ano". O titulo pode não ser muito sugestivo, mas o conteúdo do artigo revela a realidade com que se deparam não apenas as aldeias vinhateiras, mas quase toda uma zona classificada como Património Mundial da Humanidade e à pouco tempo proposta para Maravilha da Natureza, na categoria de rio/vale.
De facto, é preciso canalizar esforços para uma única direcção, pautada por princípios de sustentabilidade ambiental, social e económica, parcerias público-privadas e modelos de desenvolvimento participados, que tenham em conta a opinião de todos os stakeholders e não apenas de alguns, com vista à dinamização e promoção de toda a região.
Aqui fica, na integra a transcrição do artigo que saiu hoje no JN:
"Numa destas noites em que o Diabo vem afiando facas na língua do frio mais frio que há botei-me a cavalgar a internet e, analfabeto como uma lareira apagada, dei de ventas com o sítio informático “Aldeias Vinhateiras do Douro”. Aquele que foi [será que ainda é?] um dos programas de investimento público mais interessantes destinados à região do Douro. Fui calcorreando as aldeias – Barcos, Favaios, Provesende, Salzedas, Trevões e Ucanha - pra espantar o sono que já me cocegava as pálpebras. Em vão. Um sítio informático moribundo não espanta o sono – embala-o.
Quis saber o que iria acontecer, em termos de animação sociocultural capaz de levar gente a demandar, nos próximos tempos, aquelas “aldeias vinhateiras” e o computador, não o computador mas o tal sítio informático moribundo que não espanta o sono mas antes o embala, respondeu-me: “Não há informação sobre eventos agendados para começar no mês de Janeiro no ano de 2009.”Qual mula deitada, o tal sítio informático pingou baba e ranho rançosos: que a “1ª edição do Festival Aldeias Vinhateiras contou com uma programação seleccionada e preparada para si [para mim?], onde teve [tive, não tenho mais?] a oportunidade de viver, conhecer, sentir e experienciar o que há [ainda há ou já houve?] de melhor na região. O Festival realizou-se [pois foi, pois foi] nas 6 aldeias, com actividades para toda a família, entre 15 de Setembro e 21 de Outubro de 2007.” Já lá vai ano e meio!
O programa “Aldeias Vinhateiras” tinha [será que ainda tem?] como objectivo principal a “criação de uma dinâmica de regeneração e valorização das aldeias do Douro Vinhateiro, através da revitalização socioeconómica, da fixação da população e do reforço da promoção turística do Douro”. São parceiros deste programa a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, os cinco municípios envolvidos (Alijó, Sabrosa, São João da Pesqueira, Tabuaço e Tarouca), a Associação para o Desenvolvimento do Turismo na Região Norte e o Instituto Português do Património Arquitectónico.
É verdade que as “aldeias vinhateiras” beneficiaram, nestes últimos anos, da requalificação de espaços públicos (pavimentação, dotação e/ou remodelação de infra-estruturas básicas, colocação de mobiliário urbano), e foi feita a reabilitação/recuperação de algumas fachadas e coberturas de edifícios particulares confinantes com a zona pública; todavia, na dimensão associada à “revitalização socioeconómica das Aldeias e reforço da sua promoção turística enquanto aglomerados inseridos no Douro, região de excepcional valor patrimonial, cultural e ambiental”, está quase tudo por fazer. É que não basta realizar um festival [festival é coisa do passado] e sentarmo-nos à soleira da porta à espera que, doravante, os turistas passem por lá. A Estrutura de Missão para a Região Demarcada do Douro, a Turismo Douro, as Câmaras Municipais envolvidas (e quiçá outros parceiros) devem criar uma estrutura [um corpo técnico mínimo] que seja capaz de desenhar, fazer aprovar pelas entidades envolvidas e implementar um programa de animação das “aldeias vinhateiras do Douro”. Não mais um festival. De todo. Um programa de animação anual, com uma marca forte que o enraíze por anos muitos, feito com os actores locais, para captar visitantes e fazê-los circular pela região. Simples, não é?" por Jorge Laiginhas

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